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Fidelidade vs Relacionamento Aberto

Quando se está numa relação, se pertence à relação 

O estado de pertencimento à relação é uma condição das relações sociais: pertencer a uma família, a uma comunidade, a um país, a um grupo de amigos, ao grupo de trabalho, etc. E esse pertencer está condicionado pelos comportamentos que se têm. Os comportamentos determinam se pertence ou não ao grupo. Esses comportamentos estão além da moral, por exemplo, se se pertence a um grupo de ladrões, roubar faz parte de pertencer ao grupo. Se você está num grupo de pessoas honestas, ser honesto é uma condição para pertencer a esse grupo.

Pertencer a uma relação conjugal é diferente de pertencer a uma pessoa. A pessoa não é seu dono ou dona. O que faz pertencer a uma relação são as atitudes. Estas atitudes condicionam como vai ser minha relação com essa pessoa. Dessa forma meus atos pertencem à relação. O que se faz na relação, seja para melhorar ou para prejudicar nos atinge, pois o outro está vinculado a mim também através dos meus atos que condicionam os dele. Por exemplo, se eu faço o outro se sentir feliz, essa felicidade retorna nos comportamentos do outro para comigo. Se faço o outro sofrer, seu sofrimento me atinge na qualidade de como ele se relacionará comigo.

O que faz com que o vínculo se torne mais forte são os comportamentos que geram efeitos cognitivos e emocionais no casal. Pensemos o vínculo como se fosse uma corda que une o casal. As cordas são compostas por muitos fios. Pensemos que cada fio é um comportamento que se faz pela relação. Não é fazer pelo parceiro, é fazer pela relação. Fazer coisas que gerem sentimentos e pensamentos bons fortalece essa corda que nos une. Atitudes que gerem sentimentos e pensamentos ruins arrebentam os fios que nos unem.

Quando se está numa relação conjugal as normas de funcionamento da relação são as que condicionam o pertencer ou não a relação. Determinar as normas que aumentam o vínculo é o ideal para que a relação nos traga estados de felicidade, segurança, companheirismo, confiança, etc.

Relacionamento aberto

Normas de funcionamento não quer dizer apenas conveniar coisas de forma racional e achar que isso vai funcionar. Por exemplo pode se conveniar ter uma relação aberta, o que dá abertura para ambos se relacionar com outras pessoas. Algumas pessoas acham isso possível e até psicólogos fazem apologia a esse tipo de relacionamento. É possível no nível racional, mas não é possível no nível emocional. As consequências emocionais disso são inevitáveis. As pessoas sentem traição, sentem dor quando o/a parceiro/a está se relacionando com uma terceira pessoa. Sente ciúme, pois o ciúme vem do sentimento de pertencimentoPor mais que ela também esteja saindo com outras pessoas, isso não tira o sentimento de que o outro não está pertencendo a relação.

O corpo de cada parceiro pertence à relação, não pertence ao parceiro. O comportamento que se tem com esse corpo condiciona o vínculo. O vínculo de relações abertas é um vínculo muito instável. O vínculo de relações fechadas, onde o corpo pertence à relação, são vínculos mais profundos, mais duradouros, de mais cumplicidade, mais compromisso de um com o outro, de se ajudar e colaborar, etc.

Pertencer a uma relação significa que o homem faz a mulher se sentir sua, que não está solta. E a mulher faz o homem sentir que ela é apenas dele. Isso se faz não só com palavras senão com atitudes de pertencimento. Uma delas é o corpo pertencer a relação, que é a parte física.  Também com a parte emocional de se sentir realmente daquela pessoa e se pensar apenas com ela. Isso torna a relação muito, muito profunda. A simples vista pode parecer difícil chegar a esse nível de relacionamento, mas é o investimento de ambos na relação que faz com que isso aconteça naturalmente a médio prazo (2 anos em média). Investindo na relação com atos que fortaleçam o vínculo e modificando aqueles que o deterioram (que arrebentam os fios da corda).

Fidelidade

Quando os corpos pertencem realmente a relação, o vínculo é muito profundo e não se deseja ter outra pessoa fisicamente já que o que se sente com o parceiro supera qualquer outra relação, pois é fruto dos anos de se vincular mais e mais profundamente. Isso faz com que os parceiros não desejem ter outra pessoa fora da relação. A fidelidade passa a ser uma consequência, um desejo. Já não é uma proibição, uma restrição ou uma imposição como muitas pessoas vivem essa fidelidade. É uma condição para que o vínculo seja mais profundo e estável. Isso vai afastando o desejo de estar com outras pessoas, pois o vínculo profundo faz com que as relações sexuais com o/a parceiro/a sejam muito mais intensas, mais prazerosas que qualquer relação casual onde o vínculo ainda não se estabeleceu.

Quando se preserva o corpo de terceiras pessoas, se está fazendo isso pela relação. Quando se abre para outros envolvimentos, a dor que sente o parceiro arrebenta esses fios que nos vinculam ao parceiro e a relação perde valor, o parceiro já não quer mais investir na relação. A relação se torna menos forte e instável.

Porque não consigo ter uma relação duradoura?

Na busca da liberdade e de “conhecer outras pessoas”, a falta de limites, limita os relacionamentos. Se a pessoa não tem limites enquanto a se envolver com outras pessoas, ela está condicionando o nível de envolvimento que vai ter com os/as parceiros/as.

A falta de limite, limita o vínculo. Se estabelecem vínculos superficiais e fracos, fáceis de romper. É o que faz as pessoas se sentirem “usadas”, que não há afetividade. Mas é uma condição que a pessoa mesma se impõe quando ela tem essa abertura para vários parceiros ou parceiras. Esse se colocar a disposição de vários parceiros condiciona essa falta de profundidade nos relacionamentos. Sente falta de parceiros que aprofundem na relação porque a pessoa não está aprofundando, ela se dá muita liberdade e não concentra, não foca numa relação só.

Autor: Alejandro Ramón Allochi – Psicólogo – CRP12-6310